As hérnias de disco são deslocamentos do material do disco intervertebral além dos seus limites. Existem vários tipos de hérnias e eles podem ocorrer em qualquer segmento da coluna vertebral, sendo o local mais comum a região lombar. A dor lombar é o quadro clínico mais comum, podendo a dor irradiar para os membros inferiores. Geralmente é um quadro limitado que se resolve em 6-8 semanas, sendo o tratamento conservador o mais comum. Alguns casos podem necessitar de tratamento cirúrgico, podendo ser minimamente invasivo ou usando técnicas mais tradicionais.

Índice

1. O que é o disco intervertebral?

2. O que é a hérnia de disco?

3. Quais as causas das hérnias de disco?

4. Quais os principais sintomas das hérnias de disco?

5. Quem é mais acometido pelas hérnias de disco?

6. Como diagnosticar as hérnias de disco?

7. Qual o tratamento para as hérnias de disco? Como eles evoluem?

O que é o disco intervertebral?

O disco intervertebral é uma estrutura fibroelástica que se localiza entre os corpos vertebrais da coluna. Sua principal função é mecânica, sendo responsável pela absorção, transmissão e distribuição do peso durante o movimento e atividade física. Permitindo que a flexão, extensão, curvatura lateral e rotação da coluna ocorram de forma harmônica e sem impacto nos corpos vertebrais. É formado por duas regiões, uma região central que é mais hidratada (núcleo pulposo) e outra periférica onde tem mais colágeno (anulo fibroso).

O que é a hérnia de disco?

É o deslocamento do material do disco intervertebral para além de seus limites. Geralmente ocorre a redução da hidratação da região central do disco, com perda de sua elasticidade e posterior lesão das fibras periféricas, o que possibilita o extravasamento do material do disco para além de suas limites como na figura abaixo.

Hérnia de Disco

Gráfico mostrando o deslocamento do material central do disco intervertebral por um defeito em suas fibras periféricas, com compressão das raizes neurais e do canal vertebral.

As hérnias discais podem ser difusas ou focais. Além de poder migrar superiormente ou inferiormente no canal vertebral, podendo também se desprender do disco de origem e ficar “livre” no canal vertebral (hérnia sequestrada).

Quais as causas das hérnias de disco?

As hérnias de disco geralmente são causadas por um conjunto de fatores e existem genes que predispõem a uma maior chance da ocorrência das hérnias. Algumas variações anatômicas na coluna (como vértebras a mais ou fusões de corpos vertebrais) e desvios de alinhamento (como na escoliose) podem facilitar o aparecimento de hérnias. Além disso temos os fatores ambientais e mecânicos, como: traumas agudos; microtraumas de repetição; execução errada de atividades físicas, como levantamento de peso; atrofia da musculatura paravertebral; desidratação dos discos intervertebrais e sobrepeso.

Quais os principais sintomas das hérnias de disco?

O sintoma mais comum da hérnia de disco é a dor lombar, que pode irradiar para os membros inferiores e algumas vezes associar-se a dormência e fraqueze. Os sintomas geralmente pioram com a flexão lombar e com a curvatura lateral da coluna, bem como com o aumento da pressão abdominal (durante a tosse ou espirro por exemplo). Geralmente há um alívio da dor ao deitar em uma superfície plana.

Quem é mais acometido pelas hérnias de disco?

Os homens são um pouco mais acometidos pelas hérnias de disco. A idade média de surgimento das hérnias de disco é em torno de 40 anos, variando entre 30 e 60 anos. As hérnias de disco cervical tendem a acometer em pacientes mais velhos. Até um terço dos adultos assintomáticos tem hérnia de disco.

Como diagnosticar as hérnias de disco?

A radiografia da coluna (raio-x), por ser um exame amplamente disponível e de baixo custo, pode ser o primeiro exame no estudo das dores lombares. O objetivo do raio-x é a procura de alterações degenerativas que podem indicar a presença de hérnia de disco, porém esses achados são inespecíficos e não avaliam a hérnia de disco propriamente dita.

A tomografia da coluna é um exame com maior acurácia em relação ao raio-x, pois analisa com maior detalhe os corpos vertebrais e articulações, definindo melhor as alterações degenerativas e podendo diagnosticar hérnias mais evidentes. Porém ainda apresenta menor sensibilidade para avaliação pormenorizada do tamanho da hérnia, das raizes neurais e do canal vertebral.

Tomografia da Coluna

Tomografia da coluna no plano axial mostrando uma hérnia de disco (seta).

Tomografia da Coluna Mostrando Hérnia de Disco

Tomografia da coluna no plano sagital mostrando uma hérnia de disco (seta).

A ressonância magnética da coluna é o exame de maior sensibilidade e acurácia para o diagnóstico das hérnias de disco, pois apresenta uma ótima diferenciação das estruturas de partes moles, como o disco intervertebral, as raizes neurais e o canal vertebral. Sendo o melhor exame para o diagnóstico,  para analisar o tipo e extensão da hérnia, bem como para a definição do tratamento. Temos um artigo completo sobre ressonância magnética da coluna para informações mais detalhadas.

Ressonância Magnética da Coluna Mostrando Hérnia de Disco

Ressonância magnética da coluna no plano axial mostrando uma hérnia de disco (seta), com maior detalhe das raizes neurais e do canal vertebral.

Ressonância Magnética da Coluna Apresentando uma Hérnia de Disco

Ressonância magnética da coluna no plano sagital mostrando hérnia de disco (seta maior) comprimindo as raizes neurais no canal vertebral. Notam-se ainda outras pequenas hérnias (setas menores).

Qual o tratamento para as hérnias de disco? Como eles evoluem?

As dores lombares, que irradiam ou não para os membros inferiores, geralmente melhoram entre 6 a 8 semanas apenas com o tratamento conservador em 90% dos pacientes, sendo que 70% deles a melhora ocorre nas primeiras 4 semanas.

O tratamento conservador consiste em anti-inflamatórios e fisioterapia, para melhora mais rápida da crise e para melhora de contratura/fortalecimento da musculatura paravertebral. Em alguns casos pode ser indicado a injeção local de medicações analgésicas.

A cirurgia é indicada para uma pequena parte dos pacientes que mantém dor intratável, síndromes compressivas radiculares e déficits neurológicos progressivos. Podendo ser indicado as cirurgias minimamente invasivas, com suas várias técnicas, ou cirurgia tradicional aberta. Cada caso deve ser estudado individualmente para a melhor indicação da técnica cirúrgica utilizada. A taxa de sucesso das técnicas cirúrgicas mais modernas chegam a 90%.